Mesmo apresentando grande reserva muscular de glutamina, seus estoques endógenos podem ser menores em crianças e adultos durante episódios catabólicos como o câncer. Isso acontece porque a capacidade de síntese é excedida pela demanda metabólica, resultando na necessidade de fazer a suplementação da glutamina por meio da alimentação. Devido a isso, glutamina e câncer acabaram associados, de forma que o aminoácido pode ajudar as pessoas que estão em tratamento contra essa e outras doenças.
Quer saber mais sobre glutamina e como sua suplementação pode ser um aliado das pessoas diagnosticadas com câncer? Continue a leitura e confira.
O que é glutamina e como ela age no organismo?
A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no plasma e no tecido muscular. É classificada como um aminoácido não essencial, uma vez que pode ser produzida pelo ser humano a partir de outros aminoácidos. A glutamina exerce diversas funções, como:
- Proliferação e desenvolvimento de células;
- Balanço ácido básico;
- Transporte da amônia entre os tecidos;
- Doação de esqueletos de carbono para a gliconeogênese;
- Participação no sistema antioxidante;
- Melhora da imunidade.
De fato, a glutamina contribui com a síntese da arginina, outro aminoácido regulador da síntese proteica e ganho de massa magra. Além disso, também participa da produção de óxido nítrico, que é um agente de sinalização com papel crucial na imunidade.
Desse modo, a glutamina se torna condicionalmente essencial durante determinadas doenças, como o câncer, quando as necessidades de glutamina superam a produção e distribuição para os tecidos que fazem uso dela.
A glutamina também exerce um efeito imunoestimulante local, aumentando as células T intestinais, e é precursora de um importante antioxidante intracelular: a glutationa, que também é muito abundante no whey protein.
A glutamina é encontrada em alimentos, como carnes, peixes, ovos, laticínios, leguminosas (grão-de-bico, soja, lentilha, feijão) e alguns vegetais (beterraba, espinafre). A glutamina também pode ser consumida em suplementação, através de cápsulas ou pó.
Glutamina e câncer: como a suplementação pode ajudar o tratamento
O sistema imune exerce a função de defesa primária do corpo contra componentes não seguros, células cancerígenas s e patógenos invasores. A cada ano, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer atinge pelo menos nove milhões de pessoas, sendo considerada a segunda causa de morte por doença no Brasil, superada apenas pelas cardiovasculares. Alguns estudos têm mostrado que os tumores mais frequentes são os do trato respiratório e gastrintestinal, tendo como os órgãos mais afetados o intestino delgado, apêndice fecal e reto.
O processo inflamatório, formação de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e liberação de citocinas pró-inflamatórias são as características envolvidas neste processo.
Para combater este processo tem-se destacado a imunomodulação, uma abordagem terapêutica com o intuito de intervir nos processos de autorregulação do sistema de defesa. Segundo Hallay et al (2002, p. 1556), trata-se de uma forma artificial de alimentação com a função de refazer as células para resposta imune, que envolve aminoácidos específicos como a arginina, glutamina e fibras.
Mesmo apresentando grande reserva muscular de glutamina, seus estoques endógenos podem ser menores em crianças e adultos durante episódios catabólicos como o câncer. Sua capacidade de síntese é excedida pela demanda metabólica, resultando na necessidade de sua suplementação pela dieta. Por esta particularidade, este aminoácido foi classificado como condicionalmente essencial.
O benefício da glutamina para pacientes com câncer pode ser explicado em virtude de a glutamina ser a fonte preferencial de combustível para os enterócitos, linfócitos e macrófagos, melhorando a resposta imunológica e a função da barreira intestinal, com consequente redução da translocação bacteriana.
Qual o melhor horário para tomar glutamina?
Muitos estudos apontam horários diferentes para consumir glutamina e ter uma resposta eficaz. Realmente o consumo será diferente para cada pessoa.
Minha orientação é que seja consumida em jejum, ou, 15 a 20 minutos antes das principais refeições para que sua função seja feita da melhor forma possível no intestino.
A suplementação de 5g de glutamina duas vezes ao dia por via oral também se mostrou eficiente em pacientes acometidos com câncer gastrointestinal, que fazem tratamento de quimioterapia, com redução da mucosite e redução da dor na boca.
No entanto, os estudos trazem maior eficácia da suplementação de glutamina em todas as vias, não estabelecendo ainda um consenso sobre a melhor via de administração e nem sobre a quantidade adequada de suplementação. Dessa forma, é essencial fazer o monitoramento constante da dieta suplementada, desde sua administração, tolerância, assim como a obtenção dos resultados esperados.
Concluindo, observa-se que a suplementação do aminoácido glutamina em pacientes com cânceres no TGI, cabeça e pescoço, promove melhor recuperação, retardando o tempo de hospitalização e aumentando a massa muscular. E que seu uso deve ser prescrito e acompanhado por um profissional de saúde para avaliar melhor a dosagem individualizada.
Como escolher o melhor suplemento de glutamina?
A maioria dos suplementos de glutamina oferecidos no mercado são produzidos de forma sintética e podem conter outras substâncias químicas potencialmente prejudiciais à saúde (como solventes). Além disso, esses tipos de suplementos, em geral, possuem coloração, sabor e odor que afetarão a degustação do produto, além do risco de eventual desconforto intestinal.
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Texto de Mariana Tornincasa Cabral (CRN 26148), Nutricionista especialista em: Fitoterápicos e Suplementação Clínica e Esportiva e Especialização em Obesidade e Emagrecimento.